segunda-feira, 14 de julho de 2008

Home office

(um à parte em relação ao título: tantas mas tantas vezes disse eu esta expressão e nunca pensei que um dia se iria adequar a mim)

A vida dá muitas voltas. Muitas mesmo.
E passados três meses de ter vindo embora da Holanda cá estou eu a fazer o mesmo trabalho de antes, mas desta vez a partir de casa.
Nunca tinha pensado sobre o assunto. Não faço ideia se vou reagir bem ou não, se me vou adaptar ou se vai ser difícil. Sei que foi uma oportunidade que me surgiu e que era impossível dizer não.
Conseguir trazer o emprego da Holanda para Portugal é um privilégio, e uma sorte.
Sorte é uma palavra que tenho repetido nestes últimos dias. Eu tenho, e muita.
Só quando cheguei a Amsterdam é que me apercebi da quantidade de gente envolvida neste projecto. Da quantidade de gente que trabalhou para que isto fosse possível. Um grupo enorme de gente a fazer com que o meu posto de trabalho funcione, para que eu possa ter o meu emprego.
Para que eu possa fazer um trabalho que já conheço e que não me custa, sem ter sequer que sair de casa, e sem ver o meu salário reduzido.
É ou não um privilégio?!

Hoje foi o meu primeiro dia. Depois de passado o stress de comprovar que tudo funciona lá me sentei à secretária a atender os telefones.
As primeiras três chamadas foram estranhas. Senti-me ridícula a falar sozinha e em espanhol. Depois passou e correu tudo bem.
Já percebi que alguns dos meus projectos não devem acontecer... já me mentalizei que muito dificilmente vou poder limpar, estender ou dobrar roupa no horário laboral, simplesmente porque o volume de trabalho não permite. Também já percebi que em principio não corro o perigo de ficar em pijama até ás 16h, porque não consigo trabalhar sem tomar banho antes - parece que nem me sai a voz. Também já percebi que é muito confortável ter a nossa própria casa de banho no escritório. E que se por um lado não vou poder ter doces em casa, por outro vou poder ter todo o cuidado com a alimentação que eu quiser. E que posso lavar os dentes depois do almoço!
Já percebi que há muitas vantagens, apesar dos pontos fracos, e que ao pesar tudo na balança as coisas boas pesam mais.

Se há uns meses atrás me dissessem que eu hoje estaria a trabalhar como estou eu não acreditava.
Mas sei que houve uma data de acontecimentos que contribuíram para que assim fosse - desde o despedimento de um chefe ao facto de nós termos encontrado a casa certa no timing certo.
Era porque tinha de ser.

Então, seja.

1 comentário:

Anónimo disse...

E o que tem de ser... tem muita força! Boa sorte! ter um open space privativo não é pra qualquer um... eu é mais do género encher linguiças na fábrica, todas ao molho e aguentem-se... se a inveja matá-se eu já fazia tijolo à bué...