Esta coisa de estender a roupa na rua é para mim uma total novidade.
Quando vivia nos meus pais o estendal era de facto da rua, mas não era eu que a estendia.
Depois, tanto na minha-casa-da-Parede como na Holanda, os entendais eram daqueles desdobráveis (mas estavam sempre desdobrados) dentro de casa (perto da janela no quarto, na varanda/marquise, na sala, na cozinha, no laundry-room - houve para todos os gostos). Ainda houve uns meses que íamos à lavandaria do bairro, num acto completamente urbano, internacional e cinematográfico.
Pois que agora, regressados à pátria do sol, o estendal está na rua - e é daqueles que rodam, isso sim uma estreia absoluta, o que nos permite estender a roupa sem sair do lugar.
Sabe quem me conhece, ou quem lê este blog, que eu não sou o exemplo de dona-de-casa perfeita (nem imperfeita, não sou exemplo do dona-de-casa nenhuma) e que essa coisa da organização doméstica não existe por cá.
Para ajudar tem estado este tempo de chuva de manhã e praia à tarde, que nos deixa ainda mais confusos. Devemos estender a roupa agora? Apanhá-la neste momento? Vai chover? Vai fazer sol?
Ora, quem não sabe, copia. E é isso que temos feito.
Confio nas qualidades domésticas aqui das vizinhas, que, pelo ar robusto e desenvolto com que penduram peças de roupa com uma mão e prendem as molas com a outra, parecem perceber do assunto.
E assim é. Quando o cesto da roupa suja transborda e as gavetas estão vazias lava-se uma fornada, depois tira-se da máquina (com o cuidado de sacudir bem cada peça de modo a evitar vincos - porque cá em casa também não se passa a ferro, tarefa considerada unanimemente inútil pelos membros intervenientes, e banida do nosso dia-a-dia) e seguidamente inspecciona-se os estendais vizinhos.
Se têm roupa, a costa está livre.
Se não têm, alto lá que o melhor é esperar mais um bocado.
E até agora não nos temos saído mal.
No entanto, somos de facto os únicos a deixar roupa estendida durante a noite.
Parece que aqui as vizinhas não gostam de secar a roupa ao luar.