quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

A vida pós-Covid

Já há que tempos tive esta conversa com uma amiga, até que ponto a nossa vida vai ser alterada por causa da pandemia, será que em algum momento voltaremos ao "normal"?

Há coisas em que acho que sim. Achei sinceramente que nunca mais voltaria a usar sapatos em casa, e cá estou eu de ténis calçados a escrever este post. Que se calhar não voltava a dar beijinhos a toda a gente, e muito rapidamente percebi que sim.

Dito isto o que me pergunto é se em algum momento vamos ver a pandemia passar, de vez. Quanto tempo mais temos pela frente?

Aquilo que me apercebi depois de ter estado infetada, e sem sintomas, é que de facto num instante nos esquecemos deste "novo normal" em que nos encontramos agora. Depois de duas semanas de testes intensos, ouço falar em teste covid e já quase que digo "hã?" - já saiu da minha órbita.
Sei que os meus dois filhos mais velhos ainda não tiveram, pelo que a qualquer momento o isolamento e os testes terão de regressar, mas em dois dias de vida normal (quando regressaram à escola) parece que esqueci que existe covid.
E quando saí de casa a primeira vez percebi o quanto a pandemia nos afeta, o quanto está lá na nossa cabeça mesmo que achemos que não. Sempre fui descontraída, nunca tive um medo avassalador da doença porque sempre achei que temos saúde para a combater - acho que fui, como toda a gente aliás, alternando entre mais ou menos cuidado, mas nunca senti que estivesse obcecada com isto. No entanto, vendo-me temporariamente "livre de perigo" senti um alívio que não estava à espera: mesmo sem querer esta porcaria está a afetar a nossa saúde mental.

Se assim é em mim que sou adulta e para quem estes dois anos são uma gota de água no oceano de anos que já vivi (que poético!), imaginem nas crianças para quem dois anos são 1/3 ou metade da vida, ou a vida toda (e muitos com pais muito preocupados mesmo), ou nos jovens que deveriam estar a viajar, a sair, a festejar, e têm a vida toda dificultada.

Quanto tempo mais teremos de viver com isto, e quais as consequências verdadeiras disto tudo?
Saímos todos diferentes de tudo isto, disso já não restam dúvidas...

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

5 anos

Fez a nossa mais nova ontem.
Estive a ler os posts que fiz sobre ela aqui no blog e tenho a sensação que me repito, mas acreditem que ela é mesmo assim muito espetacular, um presente para todos nós.
Li que há um ano ainda usava chucha e fralda de noite, eu sinceramente não me lembrava já, mas este ano deixou de usar.
Já lhe caiu um dente, e foi uma festa - desde o dia em que começou a abanar, até ao fim com os manos a tentar arranca-lo com fio dental (e acabou por cair naturalmente à mesa com todos e claro, fizemos uma festa).
E é muito isto que ela trouxe a nós 4: motivos para festejar - o dente que abana, a ida para a escola nova, fazer um teste covid sozinha, dormir toda a noite na sua cama, tudo é celebrado por uma pequena multidão de dois adultos e dois pré-adolescentes!

Na véspera de fazer anos quando se foi deitar disse-lhe "temos tanta sorte em ter-te!" e ela respondeu "não mãe, eu é que tenho sorte!"

I rest my case. Melhor filha de sempre. 

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

16 anos!

Desde o dia em que chegámos à Holanda!
16 anos a viver juntos, a partilhar casa, declaração de IRS e contas do gás e tantas coisas mais.

16 anos desde que nos metemos no carro com muitas mais coisas do que precisávamos, e fomos oficialmente rumo ao desconhecido. Tão desconhecido que para esta mesma noite não tínhamos nada reservado (e chegamos a Roterdão eram umas 22h, um frio de rachar e a chover, e nós sem ideia onde íamos ficar, mas ainda assim não me lembro de estar minimamente stressada com isso...).

Uma semana depois e tínhamos alugado casa, estávamos inscritos nas agências de emprego e dávamos os primeiros passos nisto de viver a dois.

Se fazia tudo outra vez? Ah... podem crer que sim!

(e um agradecimento à cunhada que assinalou a data no nosso calendário evitando que acontecesse o que aconteceu nos últimos 15 anos que foi passar-nos a data ao lado!)

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Liberdade

Tivemos então ordem de soltura, e a partir de amanhã podem os três regressar à escola - dois negativos e uma recuperada.

Apesar de termos todos os cenários em cima da mesa, sei que se não tivéssemos alta agora ia ser muito complicado gerir a situação...
Vamos agora ver quanto tempo dura a liberdade, pois ou eles já estiveram positivos sem darmos por nada ou se apanharem terão mesmo de voltar ao isolamento. 
Agora é aproveitar cada momento!

Que comece 2022, caraças!

domingo, 16 de janeiro de 2022

Menina crescida

 Só para informar que a nossa mais nova está crescida (por dentro e por fora):

  • já lhe caiu um dente
  • pede para fazer o teste covid sozinha, entra, senta-se na cadeira, respira fundo e espirra no fim. Nem uma hesitação, nem uma lágrima, nem uma mão dada à mãe ou ao pai, nada. Assumiu que tem de fazer e faz.
É a maior.
(e esta semana faz 5!)

Livro 3/2022

 

O Carteiro de Pablo Neruda - Ardente paciência - de Antonio Skarmeta
Herdado do meu pai, e aqui esteve 2 anos à espera de ser lido (como tantos outros, aliás).
Convém dizer que nunca vi o filme, mas claro que fiquei com vontade de ver.
Correspondeu às expectativas. Muito fácil de ler, muito simples a narrativa e a história, mas com um certo encanto - tal qual tantos outras obras de escritores sul americanos (não podia mesmo ter sido escrito noutro continente).
Dei 4 estrelas e recomendo.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

2 down, 3 more to go

 E eis se não quando, ao 7º dia de isolamento é a mais nova a testar positivo.
Mais uma voltinha, menos uma viagem, e mais 7 dias de isolamento (para eles, que eu já tive alta!).
Muita frustração e ranger de dentes, e estamos de volta ao maravilhoso mundo das aulas à distância.

Tendo em conta que somos 5 cá em casa, mantendo este ritmo de um positivo por semana é possível que estejamos de regresso ao normal lá para Fevereiro...

(suspiro...)

No entanto, pensamento positivo: tal como eu a mais nova está também assintomática, e por isso até agora tirando a chatice o Covid não nos afetou em demasia.

Para a semana logo vos conto.

Livro 2/2022*

 

Ema, de Maria Teresa Horta

Trazido da biblioteca atraída pelo nome do livro, e pela autora - aliás foi um sucesso entre as miúdas cá de casa quando cheguei a casa com um livro chamado Ema (a do meio) escrito por uma Maria Teresa (a mais nova!).
Na formação para professores falo sobre as Novas Cartas Portuguesas, e isso trouxe à memória a Maria Teresa Horta - estive a ver entrevistas dela na época, e a ler artigos sobre a importância internacional que tiveram para o feminismo, e por isso foi mesmo juntar a fome com a vontade de comer trazer este livro para casa.
Gostei muito. É, como seria de esperar, também ele um manifesto feminista, uma tentativa de dar voz às mulheres que durante séculos foram caladas. Três gerações, três Emas cuja história se entrelaça - no início temos dificuldade em perceber qual é a avó, a mãe ou a filha - e alternam, mas cujo fim de cada uma foi tantas vezes o fim de tantas e tantas mulheres vítimas de violência doméstica ao longo da História.
Dei 4 estrelas, e recomendo.

*decidi este ano não enfatizar o meu objetivo de livros - que são 24, já sabem - e ir apenas contabilizando quantos leio à medida que avanço. Assim dou ênfase ao que já li e não ao que me falta ler.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

24 livros

 É o que me proponho a ler este ano.

Iniciei estes desafios da app Goodreads em 2019, em que me propus ler 19 livros e acabei a ler 41 (um record pessoal).
No ano seguinte, cheia de motivação, elevei a fasquia para os 53 - um por semana - no belíssimo ano de 2020. Não aconteceu, li 28 (e fiquei frustrada com o resultado, claro...).
2021 baixei novamente a bitola para os 35 - atingível mas ainda assim alta. Também não aconteceu, fiquei-me pelos 23. Não fiquei frustrada e sei que consigo ler muito mais (aliás para dizer a verdade li muito mais do que isso, mas coisas que não contabilizo).

Este ano cá em casa lancei o desafio a todos os elementos que sabem ler, e assim: pai e filho mais velho ficaram de ler 12 livros (um por mês, conta clássica), e mãe e filha do meio escolheram 24 (dois por mês).
Parece-me facilmente atingível, pelo que ponderei elevar o meu número no Goodreads, mas sei que a minha vida profissional está longe de decorrer tranquilamente, pelo que dois livros por mês num ano agitado já me parece bastante bem.
Qualidade e tempo para interiorizar em detrimento da quantidade, parece-me um bom critério. Manter a diversidade de autores, também.

Quem se junta a nós neste desafio?

sábado, 8 de janeiro de 2022

Livro 1/2022

 


Mais pesado do que o céu - a biografia definitiva de Kurt Cobain, de Charles R. Cross

Arrancamos o ano com um calhamaço de 500 páginas, começado mesmo no último dia de 2021, e muito beneficiado pelo meu isolamento, que me permitiu dedicar boas horas à leitura, e melhor que isso, a ir confirmar episódios, recordar canções, verificar letras à medida que ia avançando na leitura.
Adorei.
Que viagem aos anos 90, que regresso à minha própria adolescência - recordo tão bem o que ouvi a cassete do Nevermind, e perfeitamente também o momento em que soube da sua morte (estávamos numa aula e um amigo meu ia apresentar um trabalho e começou por projetar uma homenagem ao seu ídolo que tinha morrido - eu nem queria acreditar, e nem sei dizer quantos dias depois da sua morte é que isto aconteceu, lembro-me da necessidade de ir confirmar a notícia algures - na era pré-internet e pré-MTV era tarefa bem complicada, como sabem).
O livro foi escrito em 4 anos e reúne mais de 400 entrevistas, e parece-me ser uma biografia bastante isenta e sem juízos de valor. É de facto uma viagem de amadurecimento vermos um icon da juventude dissecado desta maneira, perceber a importância que teve o divórcio dos pais, as discussões que os pais mantiveram um com o outro, o facto de ter ido viver com o pai, a relação super conflituosa com a mãe, o ambiente de profunda pobreza - económica, cultural, espiritual - em que cresceu. Adorei saber o contexto em que foram escritas as canções que marcaram a minha juventude, que quando chegaram até mim já a vida dele tinha dado uma volta tão grande (entre a escrita das canções e o lançamento do álbum a vida dele muda radicalmente) - saber de onde vem o título "Smells like teen spirit", quem era a rapariga de "About a girl", reconhecer o episódio que vai levar a "Heart shaped box" - tudo músicas que fui revisitar e que conheço de cor, algumas apesar da dificuldade em as interpretar.
Era um músico excepcional, um verdadeiro poeta, com uma voz maravilhosa, mas uma pessoa tão perturbada, tão cheia de conflitos e contradições, com tantos defeitos... a partir de certo momento já eu conseguia adivinhar como é que ele iria reagir a determinada situação. E fica o aviso: muito do que ele disse em entrevistas ao longo da vida é mentira, ou pelo menos exagero.
Um verdadeiro case-study psicológico.
E infelizmente aquilo que se dizia em 94, e agora depois de ler o livro tenho a certeza, os Nirvana estavam acabados, e a carreira de Cobain não iria durar muito mais com certeza.
Fica a sua música que marcou toda uma geração e influenciou tantas e tantas bandas. Foi um marco.
O próprio sucesso deles apanhou toda a gente de surpresa - a previsão de vendas de Nevermind rondava
os 50 000 cópias, chegou ao milhão em muito pouco tempo. E aconteceu sem manobras de marketing por trás, eles eram eles próprios sempre, e nem conseguiriam ser de outra forma. As canções de um miúdo esquisitóide de uma terrinha no meio do nada a chegarem aos tops mundiais, e a fazerem História até 30 anos depois.
Ofereci este livro ao marido cá de casa, para quem os Nirvana são "a banda".
Dou 5 estrelas e recomendo muito a quem foi fã da banda.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Pensar positivo

Disse pensar?
Queria dizer testar, que foi o que me aconteceu ontem.
10 dias depois do contacto com a pessoa infetada, menos de 24h depois de ter feito um autoteste negativo e já a achar que me tinha livrado, cá estou.
Sem sintomas e com o resto da população cá de casa negativa (claramente nestes 10 dias já tiveram e deixaram de ter, achamos nós!), o que resta é mesmo ter paciência e pensar positivo.

Li no outro dia no instagram "se não tens amigos com COVID é porque não tens amigos!" - quem é amiga, quem é?

terça-feira, 4 de janeiro de 2022

2021 em revista

 Esse grande clássico ano após ano, este grande momento que reflexão que é o início de um novo ano.

2021 foi, como todos sabem, profundamente estranho, e por aqui não foi diferente.
Começou com o novo confinamento, logo após o advento das vacinas, e eu sinceramente jamais o esperei - achei mesmo que as escolas não iam voltar a fechar, e foi para mim um confinamento muito difícil de gerir por isso mesmo.
Em muita coisa foi "melhor" que o primeiro - nunca confinamos completamente, mantivemos o contacto com avós e tios e primos mais próximos - mas a mim parece que custou o dobro, talvez pela gestão de expectativas, não sei...
Esta nova chapada com a realidade, com a minha situação laboral descartável (a escola fechou e eu que estava a dar aulas fiquei outra vez sem nada), mais os miúdos em escola online outra vez... foi chato, foi deprimente e foi complicado.
A meio comecei a dar explicações online, e foi de certa forma a minha tábua de salvação. O centro de explicações tem uma filosofia muito gira, e de certa forma apostaram em mim às cegas - foi sem dúvida uma lufada de ar fresco na minha vida, apesar de toda a complicação e nervos que acarretou.
Com isto, os primeiros meses do ano levaram-me a pensar e repensar a minha vida profissional - cada vez mais longe dos museus e mais ligada à escola. Questionei se deveria dedicar-me à educação, voltar a estudar, tirar uma especialização em ensino, ir dar aulas.
Depois chegou o Dia dos Museus, e fui passar o sábado a fazer atividades com miúdos no Museu de Arqueologia. E cheguei ao fim do dia, respirei fundo, e decidi que não quero mesmo afastar-me dos museus, é onde de facto me sinto feliz.
A partir de Junho a vida profissional animou, houve exposições novas e outros desafios, e uma confirmação do que senti nesse Dia dos Museus - sacrifícios e investimento da minha parte serão nesta área, tudo o resto será para a complementar (sem fechar portas a nada, claro, que a situação de recibo verde mantém-se e não há perspetiva de se alterar...).

Fora destas questões profissionais, foi um ano em que fiz exercício a maioria dos dias, e acho que sempre com a minha "amiga" Heather Robertson - foi uma descoberta do fim de 2020, e sem dúvida vejo resultados e mantenho a motivação. Comecei ontem um novo programa de 12 semanas. Tendo tido algum cuidado com a alimentação, acabo sempre por cair nos mesmos erros, e vou alternando entre fases mais regradas e outras de festas (seja de anos, de Páscoa, férias, Natal) e por isso apesar de me ter sentido muito bem durante o verão (operação bikini 2021 em pleno!), sinto que tenho de me esforçar mais para dar um passo além na boa forma. Não saio da cepa torta.

Foi um ano em que senti claramente que a minha situação financeira se ressentiu da pandemia, e decidimos cortar em algumas coisas (restaurantes, por exemplo) para poder aproveitar outras (viagem a Roma).

A viagem a Roma foi o ponto alto. Foi o aceitar que de facto não dá para viajar todos, mas podemos ir só nós, que só nos faz bem. Aproveitámos ao máximo, apesar de não ter preparado a viagem (tive stresses de trabalho até à véspera!), sinto que foi um bálsamo para nós e uma óptima maneira de começar um novo ano letivo.

Os miúdos cá de casa cresceram bastante, como seria de esperar. Houve mudanças de escola (2), de atividades (algumas), de rotinas, de dinâmicas entre eles também. Parece que vamos alternando entre momentos 24h juntos (como agora!) e outros em que mal nos vemos.

Foi um ano em que mais uma vez perdemos um bocado a noção do tempo, porque os marcadores habituais perderam-se. Lembro-me de algumas situações e não consigo identificar quando aconteceram exactamente. Ter sido um verão sem grande sol e calor também não ajudou.

Em 2021 li 23 livros, fui ao cinema 1 vez (filme infantil), ao teatro 1 vez. Não fui a nenhum concerto nem bailado. Vi 2 séries de 6 episódios (Queen's Gambit e La Casa de Papel - uma em Janeiro e uma em Dezembro) e não me lembro se vi algum filme mais do que os dois que referi aqui no blog - ambos em Janeiro (Variações e Pieces of a Woman). Vi notícias quase todos os dias, e li o jornal no telemóvel também quase diariamente (os títulos, vá). 

Para 2022 não há expectativas nem grandes resoluções.
Há uma lista de coisas que gostava de fazer, mas se não for agora, olhem... fica para o ano!

Feliz ano novo, caros leitores!!!