sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

O que mudou em relação ao 1º confinamento

 Mudou muito, mas muito se deve de facto à ausência de mudança.

Confusos? Eu explico.
A minha vida mudou radicalmente em Março de 2020. De tal forma que não voltou ao normal desde então.
E se até Março de 2020 eu trabalhava fora de casa em dois ou mais sítios diferentes por dia, passava algum tempo em casa em momentos salteados a fazer as tarefas domésticas sozinha, preparava apenas jantares para 5 para sobrar para 2 almoços, nada disso voltou a acontecer desde então.

De Setembro a Janeiro de 2021 trabalhei em apenas um sítio aqui bem perto, e as saídas e entradas em casa deviam-se ao ir levar e buscar da escola em horas diferentes, já que dois dos três só tinham escola de manhã. Há um ano que almoçamos 5 e jantamos 5, e estar sozinha em casa é agora uma miragem - as tarefas domésticas faço-as no meio do caos, com mil interrupções, e já nem dou conta, e acho que já nem sei fazer sopa sem ser em doses industriais...

E portanto o que mais mudou foi mesmo a minha cabeça, que se foi habituando a este "novo normal" (o que eu detesto esta expressão!) e agora já não estranho.

Tirando isso, fizemos alguns ajustes:
1) delegar, delegar, delegar. Varrer o chão da cozinha, limpar bancadas, comprar fruta na mercearia da esquina são tudo coisas que qualquer criança consegue fazer
2) simplificar (e muito!) os jantares (havendo sopa, pouco mais é preciso)
3) fazer intervenções à hora do almoço - em que indico o que me chateia e não quero que se repita com calma e assertividade - e não no calor do momento.

Dito isto, continuo a contar os dias para o fim disto tudo!



quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Como me fui esquecer disto no post anterior?

De os levar à escola.
De os ir buscar à escola.
De os ver felizes durante todo o dia, na escola.

E de ir eu própria, dar as minhas aulas na escola.


terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Saudade

Estar com a família toda - tios, primos, filhos dos primos - e principalmente estar com as minhas irmãs, cunhados e sobrinhos.

Abraços e beijinhos e todos de quem gosto.

Jantar fora.

Jantarada em casa dos amigos.

Viajar (tanto!).

Cinema, teatro, concertos.

Arraial com bailarico, festa da grossa, dançar até de manhã (ou até não poder mais, vá).

Trabalhar (tanto, que me dói no coração).

Luzes ao fundo do túnel

 Apesar da falta de vacinas, a partir de hoje aqui no concelho já podemos passear na praia e no paredão.
Também o tema da reabertura das escolas começa a estar na ordem do dia.

Inspira e expira.
Já não falta tudo.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Mais uma voltinha, mais uma viagem

 ... que era o que nós queríamos, mas por agora a voltinha é mesmo só higiénica e a viagem faz-se pelos filmes e livros, ou com dedos a percorrer os mapas pendurados nos quartos deles.
A vontade de viajar é tanta que a mais nova só brinca a fazer e desfazer malas.

Mais uma semana passou, e mais um fim de semana confinado.

Em muitas coisas está a correr bem melhor que o confinamento de 2020, mas a verdade é que já não há muita paciência.
Nem muita nem pouca, vá.

Custa-me ir dar uma volta a pé para ver o mar, e chegar à minha praia - aquela que foi a minha casa tantos anos, e que de certa forma ainda é - e ter polícia a impedir-nos de passar.
Custa-me ter de arrancar os miúdos de casa, porque tem mesmo de ser (e é tão difícil!) para depois não fazermos nada do que gostam... os parques fechados, a praia interdita, o campo de futebol com os portões fechados...

Há quem esteja muito pior, e não nos podemos queixar (mesmo!), mas se desse para fazer um fast forward até ao fim de Março, era já.

Avante, leitores resilientes!
Já faltou mais!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

A zona de conforto

 Diz que é bom ir saindo, de vez em quando, da nossa zona de conforto.
Arriscar coisas diferentes faz um reset no cérebro e não nos deixa assentar e estagnar.
Profissionalmente falando nos últimos tempos tenho andado sempre a sair, mesmo que em alguns sítios já estivesse completamente confortável, havia sempre sítios novos e exposições temporárias a fazer-me voltar à estaca zero.

Ora com este novo desafio, já estou para lá da zona de conforto.
Sinto que estou mesmo fora de pé (mas a dar tudo para aprender a nadar!).
Depois de um primeiro confinamento em que me senti definhar, que bom que é ter esta motivação (e frio na barriga) para começar mais um dia.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Os livros da do meio - 8/2021

 Para que se inspirem a incentivar os vossos miúdos a ler, aqui fica a lista de livros que a minha do meio leu este ano, até agora. Eu disse leu? Devorou, é a palavra certa.


Livro 1/2021 Diário de uma miúda como tu - as férias, de Maria Inês Almeida

Depois de ter lido o volume 1 numa viagem para o Alentejo (sim, ela também lê no carro), leu este assim de rajada numa manhã de fim de semana- não o li, mas é pequenino e parece-me perfeito para quem se inicia nestas lides (mais novas do que a minha, que tem 9 quase 10), pois permite avançar rápido apesar de ser um livro "de crescido". Adorou-o. Eu pessoalmente achei o investimento um pouco inglório pois no fundo ela esteve a ler um total de 3 horas, pouco mais.



Livro 2 a 8/2021 Diário de uma Totó 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8, de Rachel Renée Russel
O vício do momento. Herdou os primeiros 4 volumes das primas crescidas, e já tinha tentado ler o 1 há uns dois anos, talvez, e não tinha gostado. Na altura eu li também um bocado, e não fiquei nada impressionada, penso que até fiz um post sobre isso - uma lista de clichés de dramas supostamente femininos, uma inimizade com uma colega que perdura volume atrás de volume, a busca pela popularidade, futilidades no geral. Achei na altura que era um livro que não ensinava nada de bom a uma miúda, e se pegar nele agora mantenho a opinião de certeza. No entanto, entre exemplos parvos no youtube ou em livro, aqui pelo menos puxa um bocadinho pela imaginação - na nossa geração também havia quem estivesse proibido de ler banda desenhada (por estar escrita em português do Brasil) e lembro-me do meu pai nunca proibir - livros proibidos são sempre mais apetecidos! O importante é ir contrabalançando com outros exemplos melhores* - coisa que não tem propriamente acontecido, mas adiante. Depois de ler o volume 1 nas férias de Natal veio por aí fora e leu do 2 ao 4 ainda em Janeiro. Recebeu o volume 6 nos anos da irmã, mas insistiu que queria ler o 5 primeiro e o pai foi procurar no OLX e assim temos adquirido os que lhe faltam - 5, 7 e 8. Tem lido 2 por semana, e chega à sexta a pedir ao pai para lhe comprar mais.
Esta semana o pai resolveu fazer uma pausa e não comprar nenhum, e ela agora está a ler outra coisa, para ver se não enjoa.
Adorou todos. O 6 deixou-a muito curiosa no fim, estava em pulgas para saber o que ia acontecer a seguir, e o 8 talvez tenha sido o que menos a entusiasmou (porque se passa quase tudo num sonho de conto de fadas).
Ela dá 5 estrelas a todos, e recomenda muito.

* reformulo, temos balançado com este:



Biografias de jovens que se notabilizaram nas mais diversas áreas, desde Pascal à Malala. Lemos uma ou duas e depois pesquisamos sobre a pessoa e vemos fotografias. Recebeu-o no Natal e foi um excelente presente.
No fim de semana, porque era Carnaval, pediu para lhe fazer dois pequenos totós no cabelo - perguntei se era como a Princesa Leya, mas respondeu que não, quer era para parecer a Bjork.
(se é a Bjork o modelo dela, não havemos de estar a fazer tudo mal...)
Eu dou 5 estrelas a este livro e recomendo.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Ao fim de um mês o sol surgiu

 ... e eu quando o vi, quase me vieram as lágrimas aos olhos.
Eu sei que a vida não muda, nem pode mudar, quer chova quer faça sol - em teoria até poderia chover sempre, pois se é para ficar em casa, ao menos que deixe de apetecer sair.
Só que não, senhores, não mesmo.

Na sexta passada quando acordei e vi o sol, ao fim do que me pareceu uma eternidade sem o ver, fiquei logo automaticamente mais bem disposta, com mais energia, mais leve - e não, nada mais tinha mudado, foi só mesmo o bom tempo.
E não foi pouco.

sábado, 13 de fevereiro de 2021

O que se vê aqui

Começamos a ver o The Voice Kids.
Não gosto nada de programas de talentos com crianças, mas isso é assunto para outro post. 
Aquilo que chego à conclusão é a de que não sei lá por onde ando mas não conheço a maioria das músicas. Nem conhecia um elemento do júri, nunca tinha ouvido falar dele sequer (mas já fui ao YouTube ver, e que bem que ele canta!).
Já a do meio também não sei por onde anda, mas conhece tudo.
Onde ouviu? Não faço ideia.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Livro 5/35 2021


 

A Odisseia de Baldassare, de Amin Maalouf

Primeira obra que leio deste autor, apesar de estar na minha lista há bastante tempo. Comprei este livro no último dia de "liberdade", na véspera de entrarmos no novo confinamento. Resolvi ir comprar os presentes da mais nova, e sabendo que íamos confinar outra vez trouxe livros para todos e para mim também - não me lembro do último livro que comprei para mim sem razão aparente (nem Natal nem anos).

Não desiludiu, nada. É daqueles que só me ocorre a expressão "aventuras e desventuras".
Passado em 1666, é um diário de um mercador que faz uma viagem de meses a fio, na perseguição de um livro que supostamente lhe iria iluminar o caminho e fazer uma revelação.
A importância do tal livro (que é o que vem referido na contra-capa) é apenas um aspecto, a viagem, o caminho, as tais aventuras e desventuras são a parte mais importante.
Um retrato fiel do Império Otomano e da Europa do séc. XVII, em diferentes aspectos, uns que os unem e outros que os afastam, na voz de um homem com quem nos identificamos de imediato - o tom de diário permite entrar na sua intimidade, nas suas ideias, na sociedade e no mundo da época visto de dentro.

Daqueles que apetece sentar e ler, tive momentos em que me ri com gosto.
Dei 4 estrelas, recomendo e empresto.

Escola em casa - o novo normal

 Não é novo (é tããão 2020...) e não é normal (continua a não ser!).

Cada dia que passa, só uma coisa me ocorre: menos um dia para que as escolas abram.
(caraças para isto, pá)

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Os livros dos miúdos

 Inspirada pelos posts da Tella, e para vos inspirar também a porem os miúdos a ler, estamos agora numa fase de leitura assídua por parte dos meus mais velhos (ele menos, ela mais, mas ambos bem lançados).

E com base na minha vastíssima experiência deixo-vos com uma verdadeira revelação (que vos vai deixar boquiabertos de certeza): tal como nós, os miúdos têm de se entusiasmar (muito!) pelo livro que estão a ler - têm de gostar tanto que perdem noção do tempo, não conseguem parar, têm de ler mais um capítulo e mais e mais um.

Se assim não for, fica complicado.

Até vos fazia uma lista de livros que já tentei impingir, sem sucesso nenhum, mas posso dizer-vos por experiência própria que a mim me impingiram vezes sem conta a coleção dos 5 e eu acho que nunca cheguei ao fim de nenhum - tendo preferido a Uma Aventura (muito mais moderna e dentro da minha realidade) que lia também a um ritmo alucinante.
Com os meus é igual, eu insisto na Uma Aventura e no Asterix e eles só querem saber do Banana, Tom Gates, Diário de uma Totó e Diário de uma Miúda como tu.

Nenhum seria a minha primeira escolha, mas na era em que vivemos só o facto de os ver imergidos na leitura já é bom demais...

(e como em tudo o resto, o nosso exemplo também é fundamental)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Sobre os novos desafios

 Ser freelancer, que quer dizer não ter um trabalho fixo e ter de andar sempre a inventar, é sinónimo de andar sempre com borboletas na barriga a cada novo desafio.

É super estimulante e motivador, mas também é aterrador e dá sempre a sensação de nos estarmos a lançar no vazio, em diferentes vazios, sem saber se sabemos voar.

Há um ano se me perguntassem eu ia jurar que não queria outra vida, adoro andar de um lado para o outro e estar sempre a aprender.
Há seis meses atrás dava um dedinho para ter um emprego fixo e seguro num museu qualquer e poder estabilizar e aprofundar o conhecimento numa só área, em vez de andar sempre a saltitar entre sítios, épocas, países, num leque de conhecimentos que abrange uma área impossível de abranger - sinto sempre que estou a correr atrás.
Hoje, nas vésperas de me meter numa coisa completamente nova e estou para lá de nervosa, a dizer mal da minha vida, a enxotar as borboletas da barriga, a perguntar constantemente porque me meto eu nestas coisas e não me contento em fazer o que já sei fazer.

Hoje também sei, e esta é uma mensagem para a Mary do futuro que vai continuar a meter-se em coisas novas, que é este medo que me alimenta a alma.
E estas novidades que numa situação normal já valem ouro, em época de pandemia em que nada se passa valem mais do que isso - valem a minha e nossa saúde mental.
Uma pena que não se traduza também em saúde financeira, mas não se pode ter tudo!


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Novo desafio

 É tempo de assumir, optimismos à parte, que o mundo mudou, e que quer queiramos quer não ainda é capaz de demorar até voltar à normalidade.
Provavelmente não se lembram, mas ainda a pandemia não tinha começado verdadeiramente cá em Portugal já eu estava a sentir os efeitos colaterais, sendo o meu sector de trabalho o primeiro a ressentir-se.
Desde então, há quase um ano, o meu trabalho tem sido residual - oficinas de férias, visitas virtuais ou nas escolas - tudo isto em número muito reduzido. Visitas guiadas em museus e monumentos tanto a escolas como turistas foram zero desde Março 2020.

Em Setembro lá me surgiu uma nova oportunidade, um regresso à escola que tanto me anima, e a partir desta semana vou abraçar um novo desafio (a trabalhar a partir de casa, coisa que jurei não voltar a fazer, mas em tempo de guerra não se limpam armas!) que veio também animar (e bem!) este novo confinamento.
É uma coisa nova que nunca fiz, mas ligada às crianças, à educação não formal (e formal) e que vai por à prova a minha capacidade de organização e criatividade. Tenho muito que preparar e aprender.
Mais uma vez foi uma oportunidade que surgiu no site de empregos, por alguém que pensa fora da caixa e que entendeu que o meu CV, que mais parece uma manta de retalhos, era adequado e exactamente o que se pretendia.
E eu, que já fiz entrevistas de trabalho nas mais variadas situações (grávida de 8 meses; no meio de férias vinda diretamente do Algarve; três dias depois da morte da minha mãe; e a lista continua) tive a minha primeira entrevista via zoom, directamente do quarto do meu filho (e sim, estava de pantufas!). Menos mal que nesse dia até estava vestida de forma decente, e tinha lavado o cabelo nessa manhã (foi marcada duas horas antes). Foi só o tempo de sair do passeio higiénico com os miúdos, deixa-los na sala a ver tv, passar uma maquilhagem básica e lá fui eu.

Sei perfeitamente que vai ser duro com os miúdos em escola em casa, e eu a ter de trabalhar, mas garanto-vos que o faço a bem da minha sanidade mental - não sou nada uma boa "stay at home mum"!
E pode parecer um contra-senso mas sinto que sou uma mãe melhor quando não sou só mãe em exclusividade (e a alegria dos meus filhos quando souberam diz-me que eles sentem o mesmo).

Sinto que estive e estou muito contrariada com tudo isto, às vezes nem acredito que estamos mesmo a passar por uma pandemia, mas começa a ser altura de nos adaptarmos e aceitarmos que o mundo mudou, mesmo.
Mudemos com ele.
Resiliência é a palavra de ordem.