quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Regresso à escola

 O meu.

Não enquanto aluna, mas enquanto professora de AEC.

Pouco tempo, poucas horas, muito mal pago, mas caramba, haja luz no fundo do túnel (que não fui feita para ser dona de casa, pronto, tenho de aceitar).

As voltas que o mundo deu desde que entrei numa sala de aula pela primeira vez, lá para 2014.

A preparação zero manteve-se, o sem aviso prévio também, caí igualmente de pára-quedas, mas o que não faz estes anos de experiência e maturidade, a segurança naquilo que sou capaz de fazer. Não sei se a idade é um posto, mas a auto-confiança garanto que sim.

Ainda assim, correu como têm de correr as primeiras aulas - os miúdos cansados, só querem fazer disparates, testam os limites, falam alto, não me ligam nenhuma.

E o feliz que sou dentro de uma sala cheia de putos? (que saudades!)

terça-feira, 22 de setembro de 2020

Livro 22/53


Comer, Crescer, Treinar - de Maria Roriz e Pedro Carvalho

Todos nós temos ideias feitas de como educar os filhos dos outros - aliás, não há nada mais fácil do que educar os filhos dos outros! Basta olhar e pensamos logo em mil e uma maneiras de resolver os "problemas" dos miúdos alheios.

Sempre me fez confusão ver miúdos gordinhos a comer porcarias. Pensava que os miúdos não tinham culpa nenhuma, mas com certeza aqueles pais só tinham porcarias em casa, refrigerantes, bolachas e cereais, e não tinham cuidado nenhum.

Sem me alongar, nem entrar em pormenores (aprendi isto com este livro), posso assegurar-vos que nem sempre os miúdos gordinhos são os que comem porcarias, e que em casas onde não entram sequer iogurtes de sabores (por causa do açúcar), nem chocolate para por no leite, nem doces de qualquer tipo, também pode haver crianças com excesso de peso. E quando vemos um miúdo gordinho a comer um gelado, se calhar (só se calhar) é porque é de facto impossível dizer que não a tudo, e é preciso tratar muito bem e com muita delicadez este assunto, pois os distúrbios alimentares na infância e adolescência são frequentes, e muitas vezes mais graves do que uns kilos a mais.

E com isto, resolvi comprar este livro, pois toda a ajuda é bem vinda. A maioria dos conselhos não se adequam - os alimentos proibidos de ter em casa já cá não estão - e há até algumas coisas com as quais eu não concordo nada - a apologia dos iogurtes magros de sabores, que estão carregados de adoçantes (apesar de entender que um miúdo que esteja habituado aos iogurtes cheios de açúcar não consiga passar directamente para os naturais, mas pronto). No entanto, ajudou-me em algumas estratégias de como lidar com a situação, e mais importante, a não perder o foco e a perceber o perigo real de ter peso a mais na infância, e as consequências que podem daí advir no presente e no futuro.

Com toda a dificuldade que haja (e eu sei que há!) a obesidade infantil é uma doença, e tem de ser tratada quanto antes. E aquelas desculpas de "tem uma estrutura larga", "tem ossos pesados", "está só mais forte", "é um doce mas foi feito em casa", "antes um pão de leite do que um bolicao" são isso mesmo: desculpas!

Não tapar o sol com a peneira, e enfrentar o problema de frente, é a solução.

(e todos sabemos que há problemas muito mais graves na infância...)

Dei 3 estrelas, e recomendo a quem esteja a passar por uma situação semelhante.

Sobre o recomeço

 Estava(mos) mesmo a precisar de um regresso às rotinas.

Não há nada melhor que as férias, e todos os desacertos que permitem, mas tendo em conta que já não tínhamos rotinas a sério desde Março, estava em pulgas para ter as coisas todas direitinhas, horários para adormecer e acordar, refeições planeadas, natações e ginásticas, jantares todos à mesa.

Quanto tempo dura esta alegria do recomeço? Dou uma semanita no máximo, para voltar a dizer mal da minha vida, que não se faz mais nada se não ir buscar e levar, supermercado e cozinha; mas até lá sou feliz com este cheirinho a normalidade.

(só me falta mesmo é recomeçar a trabalhar, mas para isso não há ainda solução à vista...)

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Sobre o regresso

Ontem o céu acordou carregado e cinzento escuro, choveu que se fartou, mas foi um dia tão feliz!

Foi o dia de regressar à escola - à escola, senhores! - ao fim de seis meses longe.

Eu estava para lá de eufórica!

Vi pais ansiosos, vi muita confusão à entrada, vi uma filha no 4º ano chateada de ter a mochila toda molhada logo no primeiro dia, a entrar meio a medo sem saber exactamente para onde se dirigir (depois de toda uma ensaboadela de regras e filas ordeiras que lhe transmiti e que, claro, não se verificaram porque choviam picaretas - estava uma catrefada de gente debaixo do telheiro, pais incluídos, coisa que eu também teria feito se fosse o primeiro dia de um filho meu!) mas apesar de tudo, apesar de todos os apesares, eu estava para lá de feliz!

O que é a infância sem escola, senhores? O que andámos nós a fazer aqueles meses todos?

Sei que muito dificilmente não virão para casa algumas vezes, ou com casos na turma, ou porque têm gripe e têm de sertestados e esperar resultados, mas bolas, esta (quase) certeza de que as escolas não voltam a fechar, enche-me de alegria.

Quando a fui buscar, já com sol, já com o recreio mais ou menos organizado, ver os professores, as auxiliares, os amigos, até os outros pais, fiquei sinceramente comovida.

Só me apetecia abraçar toda a gente.

Bom regresso às aulas, malta! (o bem que sabe poder dizer isto!)

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Livro 21/53

 A Papisa Joana - Livro - WOOK

A Papisa Joana, de Donna Woolfolk Cross

Herdado da minha mãe, já lido pelas manas que tinham gostado - a quantidade astronómica de livros naquela casa era uns 80-20 entre os dois, mas ainda assim havia bastantes da minha mãe.

É uma história que me parece importante de ser contada, independentemente de ter ou não existido uma mulher papisa na História da Igreja. O livro é um excelente relato da sociedade europeia do séc. IX, naquele pós esplendor romano e carolíngío, tempoa de instabilidade, insegurança, e principalmente injustiça contra as mulheres. Que mais não fosse o livro é um manifesto feminista quase obrigatório, pois as mulheres da época eram privadas de tudo, e não tinham mesmo direitos nenhuns (passavam de propriedade dos pais para os maridos). É um livro importante por isso.

O resto, achei um pouco romanceado, a puxar ao filme de Holywood.

Dei 3 estrelas, são 3,5 na verdade, mas às tantas já me apetecia acabar com este ambiente medieval.

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Em 2020 como em 2002

 E 2008 e todos os anos seguintes até 2014 - fases em que por força das circunstâncias (como agora) mandei uma quantidade considerável de CV's.

A cada 10 ou 20 ou mesmo mais, recebemos uma resposta, se tanto.

Nem são candidaturas espontâneas, são mesmo respostas a anúncios.

É assim tão complicado mandar uma reposta automática, só mesmo para saber que a porcaria do mail chegou ao destino??

Sinceramente, em 2020, não se admite.


(e pronto, é aquela faceta da minha vida que por mais voltas que dê ainda não encontrou o seu rumo...)

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Livro 20/53


 

1Q84 vol.1, de Haruki Murakami


Li o Kafka à beira mar do mesmo autor quando viva na Holanda, em inglês. Apesar de ter gostado muito, senti que foi um livro difícil de ler numa língua estrangeira (por muito à vontade que eu esteja com o inglês). Também achei o livro tão diferente e "fora" que demorei a digerir. Alías, ainda hoje há imagens do livro que me assaltam de vez em quando.

Em 2013 uma amiga ofereceu-me este 1Q84 (penso que na altura tinhamos falado do Kafka à beira mar) mas eu precisei de tempo até pegar nele. 7 anos, para ser mais precisa.

Cada coisa no seu tempo.

Gostei, mesmo muito. 

Tem uma estética completamente japonesa, as personagens têm profundidade, o ritmo está bem encadeado, e a mistura fantasia/realidade está, na minha opinião, na dose perfeita - sendo uma história "fora", não é tão "fora" que não nos consigamos relacionar.

É o primeiro volume, e deixou vontade de ler os restantes - até porque (alerta spoiler) o livro não termina na última página, e fica tudo por saber.

Dei 4 estrelas, que são 4.5. Recomendo, se bem que acho que nem toda a gente terá a mesma opinião.

Férias 2020

 Foram o melhor deste ano, coisa que não é difícil, mas mesmo num ano normal tinham sido férias bem espetaculares.

Fomos uma semana para a casa de família, pela primeira vez sem pai nem mãe para tomar conta, e foi difícil e estranho, mas ao mesmo tempo profundamente conciliador - e vamos ser sinceros, sem qualquer tipo de stress. No fundo foram férias com quem está exactamente no mesmo comprimento de onda, sem horas, sem stress, a deixar fluir. Houve praia e passeios culturais, tempo para desfrutar da casa, noites de jogos variados e horas passadas à mesa, como se quer. Não fossem as saudades, diria que foi perfeito.

Depois rumámos a sul e tivemos dias espetaculares com outra família, em que também as agulhas se acertaram na perfeição. Andamos de praia em praia, experimentámos surf (eu incluída!) e tivemos uma sorte incrível com o tempo (de dia e de noite).

Para os miúdos foram duas semanas sempre com primos, e eu sei que não há coisa melhor.

Memórias boas, que espero que os acompanhem o resto da vida.

Para o ano há mais.