Sempre assisti à minha mãe a ficar deprimida com o fim do verão. Falava muito nisso a partir do fim de setembro, com os dias mais curtos, e então com a mudança da hora pior um pouco - era uma "neura", usando a sua expressão.
Como temos tendência para ficar parecidas com as nossas mães, ou então no seu oposto, depois de uma adolescência e juventude a mal dizer o fim do verão e a chuva e a noite às cinco da tarde, pois que cada vez mais aprecio o que cada estação tem para nos oferecer.
E não, não tenho neura nenhuma por ter acabado o verão, muito menos com a mudança da hora - que tanto me ajuda a conseguir acordar cedo de manhã e ter manhãs mais tranquilas, e deitar mais cedo também indo para a cama a horas decentes (é só seguir o relógio biológico e tudo acontece uma hora mais cedo - e guess what, a hora que "perdemos" à noite ganhamos num momento muito mais rentável, que é a manhã).
Este ano consegui a proeza - sem esforço nenhum! - de nem sequer sentir aquela nostalgia do último mergulho, tive um setembro tão cheio de novidades, e com uma viagem pelo meio, nem me ocorreu que de facto a época balnear estava a terminar (é a minha preferida, que isso fique bem claro).
E assim foi com um sorriso que vi na previsão que os primeiros dias de outono de facto chegavam esta semana - é época disso mesmo, de castanhas e folhas laranja no chão, das abóboras e dióspiros, de trocar as sandálias pelas botas fechadas e viver o que de melhor cada estação tem para nos oferecer.
O que aí vem é lindo e maravilhoso? Claro que não - tanto que eu nem acho assim grande graça ao Natal, no entanto é este o tempo - e como diz a célebre passagem da Bíblia "tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu".
Há tempo para tudo e tudo tem o seu tempo.
Vamos lá abraçar esta passagem do tempo como a dádiva que ela de facto é, pois já se sabe que num abrir e fechar de olhos já estamos a mudar os relógios outra vez.